Zorobabel, o escolhido de Deus

Zorobabel nasceu em uma família judaica exilada na Babilônia, em algum momento após o segundo exílio judaico de 597 a.C. Seu nome tem origem babilônica e significa "semente de Babilônia", "descendência de Babilônia" ou "nascido em Babelônia". Ele vinha de uma linhagem que tinha direito ao trono de Davi, pois era neto do rei Jeconias (também chamado Jeoaquim, 1 Crônicas 3:17-19; cf. Mt. 1:12), o penúltimo rei de Judá.


Zorobabel é chamado de "filho de Sealtiel" (Esdras 3:2, 8; 5:2; Neemias 12:1; Ageu 1:1), mas a genealogia em 1 Crônicas 3:19 o identifica como filho de Pedaías, irmão mais novo de Sealtiel. Uma explicação para isso é que Pedaías tenha sido o pai adotivo de Zorobabel, ou que Sealtiel tenha morrido sem filhos, e Pedaías tenha casado com a viúva de seu irmão, tendo um filho com ela, que, de acordo com a lei do casamento levirato (Deuteronômio 25:5-10), era considerado legalmente como filho de Sealtiel.


Anos antes de a Babilônia destruir Judá, o profeta Jeremias profetizou que o povo judeu ficaria no exílio por 70 anos (Jeremias 25:11). Em 539 a.C., a Babilônia caiu perante o Império Persa, governado por Ciro II. Ciro concedeu aos cativos judeus o direito de retornar a Jerusalém e reconstruir seu Templo (2 Crônicas 36:22-23; Esdras 1:2-3), financiando também o projeto da reconstrução do templo (Esdras 1:2-4; 6:3-5, 8-10).


Dificuldades na Construção


Zorobabel foi escolhido para liderar o primeiro grupo de retornados do exílio em 536 a.C. (Esdras 2:2; Neemias 7:7; Neemias 12:1). Sob sua liderança, quase 50.000 pessoas retornaram a Jerusalém (Esdras 2:64-65). Quando Zorobabel chegou, ele foi nomeado governador e encarregado da construção do Templo (Ageu 1:1). Imediatamente, junto com os sacerdotes, ele restaurou o altar dos holocaustos e, no segundo mês do segundo ano, começou a lançar o alicerce do Templo (Esdras 3:2).


Logo após o início do trabalho no Templo, surgiram oposições. Samaritanos (um povo misto de judeus e gentios do norte de Israel, 2 Reis 17:24-31) se ofereceram para ajudar, mas Zorobabel rejeitou a oferta, pois eles não seguiam o Deus de Israel. Uma aliança ímpia com eles teria enfraquecido ou até mesmo parado a determinação de Israel de concluir o projeto.


Os samaritanos, rejeitados por Zorobabel, escreveram à corte persa pedindo que o projeto fosse interrompido. O rei Artaxerxes interrompeu o trabalho, e a construção cessou por 16 anos.


Outros fatores também contribuíram para a interrupção:


  • Gentios contrataram conselheiros para intimidar os trabalhadores e frustrar a construção.
  • Os trabalhadores se desanimaram devido à pobreza pessoal, à falta de comida e abrigo, e à condição precária de Jerusalém, que estava em ruínas.
  • As pessoas começaram a construir suas próprias casas e negócios (Esdras 4). O profeta Ageu repreendeu os que retornaram por sua egoísmo e negligência em não terminar o Templo.


Retomada da Construção


Dezesseis anos depois, um anjo informou ao profeta Zacarias que Zorobabel concluiria o projeto (Zacarias 4:1,8). Por meio de Zacarias, o anjo disse a Zorobabel que o Templo não seria concluído com base na força, sabedoria, riqueza ou poder militar de Judá, mas exclusivamente com o poder do Espírito de Deus. Esta mensagem, juntamente com outras de Ageu e Zacarias, inspirou Israel a retomar a construção.


Cantos e Lágrimas


Quando o alicerce do Templo foi lançado, as pessoas reagiram de duas maneiras. Aqueles que nunca viram a grandiosidade do Templo de Salomão cantaram, gritaram e louvaram o Senhor. Mas a geração mais antiga chorou alto e copiosamente porque o Templo de Zorobabel não poderia se comparar em tamanho ou esplendor ao Templo que lembravam (Esdras 3:8-13). Este Templo não possuía o Santo dos Santos com a Arca da Aliança ou a glória de Deus.


Deus silenciou os críticos: "Porque, quem despreza o dia das coisas pequenas? Pois esses se alegrarão, vendo o prumo na mão de Zorobabel; esses são os sete olhos do Senhor, que percorrem por toda a terra" (Zacarias 4:10). Em outras palavras, enquanto Zorobabel trabalhava, o Senhor cuidava do projeto, garantindo que ele fosse concluído de acordo com a Sua vontade. Nada está escondido da sabedoria infinita e da onisciência de Deus. Ele providencialmente guarda Israel contra seus inimigos e cumprirá o Seu programa soberano para o povo judeu.


Deus disse a Israel: "Mas, de hoje em diante, abençoarei vo­cês" (Ageu 2:19). Ele assegurou a Zorobabel que a oposição não poderia impedir a conclusão do Templo, nem destruir Israel. Em sua última mensagem, Ageu encorajou ainda mais Zorobabel, anunciando que Israel triunfará sobre todos os seus inimigos quando o Messias mui esperado vier julgar os gentios (vv. 20-23).


Ageu disse a Zorobabel que ele foi especificamente "escolhido" para ser "como um anel de selar" (v. 23) diante da nação de Israel, não apenas naquele momento, mas também no futuro. Um anel de selar representa a autoridade real de um rei. Era usado como a assinatura do rei para validar um documento selado (1 Reis 21:8) e garantir que suas promessas seriam cumpridas (Gênesis 38:18). Ao fazer de Zorobabel Seu selo, Deus reverteu a maldição e o juízo pronunciados sobre Jeconias, filho de Jeoaquim (Jeremias 22:24). Foi profetizado sobre Jeconias: "Assim diz o Senhor: "Registrem esse homem como homem sem filhos. Ele não prosperará em toda a sua vida; nenhum dos seus descendentes prosperará nem se assentará no trono de Davi nem governará em Judá.'" (v. 30). Essa profecia não significava que o rei seria sem filhos, pois ele não era (1 Crônicas 3:17-18). Pelo contrário, ele seria registrado como sem filhos, ou seja, nenhum de seus descendentes seria listado entre os reis de Judá.


Em outras palavras, Deus renovou Sua promessa de que a linhagem de Davi não se extinguiria, mas um dia daria à luz o Messias de Israel. Zorobabel está registrado na genealogia de Cristo (Mateus 1:12; Lucas 3:27). Essa promessa assegurou ao governador que a bênção fluiria mais uma vez para Judá em sua época e simbolizava a bênção que ainda estava reservada para Judá durante o reinado do Messias.


A profecia de Ageu a Zorobabel foi uma evidência irrefutável para Israel e seus inimigos de que o Espírito de Deus capacitaria a nação a concluir a reconstrução do Templo. Quatro anos depois, Zorobabel colocou a pedra angular, indicando que o Templo estava concluído (Esdras 6:13-18; Zacarias 4:7-10). O ano era 515 a.C., marcando o início do que é comumente chamado de período do segundo Templo.


Deus é soberano sobre toda a terra, e Seu programa profético terá sucesso e cumprirá o que Ele decretou divinamente.

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