Melquisedeque, rei de justiça e paz

Melquisedeque é um personagem misterioso na Bíblia cuja história é contada principalmente em Gênesis 14:18-20 e referenciada em outros lugares das Escrituras, incluindo o Salmo 110 e a Epístola aos Hebreus. Seu nome é uma combinação de duas palavras cananeias: "melchi", que significa "rei", e "zadok", que significa "justiça" (rei da justiça). Ele era rei de Salém, uma cidade de Canaã e este nome Salém significa “paz” na língua dos cananeus. O nome cananeu dessa cidade iria mais tarde fazer surgir a saudação hebraica 'Shalom' e seu equivalente árabe, Salaam. Salém contribuiria com suas cinco letras para formar a última parte do nome Jerusalém, cujo nome significa “o fundamento da paz”. Porém, ainda mais interessante do que a cidade de Salém propriamente dita era o rei que reinava sobre ela, Melquisedeque.


Mas o que fazia um “rei da justiça” entre os cananeus, famosos por sua idolatria, sacrifício de crianças, homossexualismo legalizado e prostituição nos templos? Será que ele recebera um nome impróprio? Não. Segundo o autor de Gênesis, este rei atuava também como sacerdote do Deus Altíssimo (Gn 14.18). Abraão ao identificar o “Deus Altíssimo” de Melquisedeque com o “Senhor” (Gn 14.22), deu testemunho do Deus único e verdadeiro, a quem Melquisedeque servia.


O ENCONTRO DE MELQUISEDEQUE COM ABRÃO

Abraão voltava com seus homens de uma guerra que travara contra cinco reis comandados por Quedorlaomer, rei de Elão, para libertar seu sobrinho Ló que tinha sido levado cativo (Gn 14.14-16). Ao chegar ao Vale de Savé, lhe veio ao encontro Melquisedeque, rei de Salém e sacerdote do Deus Altíssimo (El Elyon).


A atitude de Abraão para com Melquisedeque comprova que este rei era digno de honrarias. Melquisedeque lhe veio ao encontro com uma saudação de paz. Abençoou Abraão e lhe ofereceu pão e vinho. Tudo foi aceito por Abraão. O mais surpreendente, Abraão, lhe entregou o dízimo dos despojos da guerra vencida contra os cinco reis.


Embora o conceito de Melquisedeque acerca de Deus, talvez fosse precário, o modo de Abraão corresponder à benção dele parece mostrar o reconhecimento de que eles dois serviam ao mesmo Deus (Gn 14.18). Melquisedeque é posteriormente mencionado como um tipo de prefiguração de Cristo Jesus, nosso grande Sumo Sacerdote (Hb 4.14), cujo sacerdócio é segundo a ordem de Melquisedeque e não de Levi (Hb 7.11; Sl 110.4).


O pão e vinho oferecido a Abraão por Melquisedeque era uma refeição comum naquela época (Jz 19.19), não podendo ser relacionada à ordenança neotestamentária da Ceia do Senhor. Melquisedeque ofereceu o alimento e a bebida para demonstrar amizade e hospitalidade.


A HUMILDADE DE ABRAÃO

Abrão era o detentor das promessas de Deus. Era em Abrão que todas as famílias da terra seriam abençoadas. Era Abrão que seria uma benção. Tudo isso Deus havia dito à Abrão. Mas diz o texto de Gênesis 14.18-19 “E Melquisedeque, rei de Salém, trouxe pão e vinho; e era este sacerdote do Deus Altíssimo (El Elyon). E abençoou-o, e disse: Bendito seja Abrão do Deus Altíssimo, o Criador dos céus e da terra.”


É isso mesmo! Abrão estava sendo abençoado por Melquisedeque. Você já viu alguém sendo abençoado por alguém inferior a ele? Em Gênesis 14, Melquisedeque não é o inferior; é Abrão, o detentor da promessa, que se submete a um estrangeiro que lhe oferece pão e vinho. O Sacerdote que Abrão reconhece era sacerdote do Deus Altíssimo. El Elyon não é um dos deuses que no passado Abrão adorava em sua terra de Ur. Mas Melquisedeque era o verdadeiro adorador. Era um verdadeiro adorador de Deus num meio de uma sociedade idólatra.


CONCLUSÃO

A grandeza de Melquisedeque se deve ao fato que ele representava a revelação geral de Deus para a humanidade. Isto vem antes da revelação especial que Deus fez a Abraão, quando ele ouviu a voz de Deus em sua terra e obedeceu. A revelação geral é mais antiga. Influencia todos os homens, vem a ser um testemunho para todas as nações. O ato de Abraão em dar o dízimo a Melquisedeque, era o reconhecimento de que ele era sacerdote do Deus Altíssimo, o único Deus verdadeiro e que ambos, ele e o misterioso Melquisedeque, representavam aquela mesma revelação que Deus faz a todos os homens. Abraão reconhecia-o como um sacerdote de Deus, tratava-o como servo do Deus Altíssimo (Gn 14.20). Tudo em sua volta era idolatria, mas Melquisedeque era o homem que também adorava ao Deus verdadeiro. Dava culto ao Deus verdadeiro em meio de sua gente, apesar do ambiente idólatra. Melquisedeque representa a prefiguração de Cristo, nosso grande Sumo Sacerdote. Um sacerdote segundo a ordem de Melquisedeque e não de Levi.

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